sexta-feira, 15 de abril de 2011

O positivista Adílson. Por Diogo Rodrigues Manassés

Para muitos, tenho sido crítico ácido do técnico Adílson Batista, precipitadamente, tendo em vista que ocorreram apenas 2 jogos no seu comando. Não é pouco, para quem teve dias de treino.

Apelidei-o, a título de brincadeira, de Mourinho Pardal Batista: vem com moral imensurável (alguns torcedores já o consideram “técnico de ponta”, para mim isso é um exagero gigantesco), mas fama de Professor Pardal (do Cruzeiro). Não considero Pezão um técnico ruim (é bom técnico), mas tem falhas que vou criticar enquanto estiver no comando do Furacão.

A primeira falha é só saber usar um esquema tático, o 4-3-1-2. Não é adequado: o time fica dependente de um armador (no elenco temos apenas um de indubitável qualidade, Paulo Baier, em fase não tão boa); fica com 8 jogadores (sim, OITO, de onze!) que primam pela defesa e marcação (o que tende a gerar retranca); por fim, não tem referência no ataque – esse problema é ainda mais crônico, mostrou-se evidente na partida contra o Bahia, em que, apesar de dominarmos o meio-de-campo e criarmos boas chances, não havia um atacante com grande poder de finalização para nos garantir um resultado melhor. O 4-2-3-1 é melhor para esse elenco, principalmente no que se refere ao ataque.

A segunda grande falha de Pezão é a capacidade de ser decisivo em uma partida por ousadia. Um “técnico de ponta” é aquele que “coloca o dedo” na partida (leia-se, durante a partida,) e consegue influenciar no resultado. Faz alterações que permitem que a sua equipe supere a adversária. Adílson não é do tipo que arrisca para vencer. Preferiu tentar garantir o 1x0 contra o Bahia do que tentar ganhar por placar elástico. Deu no que deu: 1x1. Ousadia é necessária. O técnico não é ousado e substitui mal. Nos dois jogos substituiu mal – fez alterações que pioraram a equipe, ao invés de melhorar. Meu receio é que essas falhas acabem sendo fatais. Espero que ele tenha aprendido que Adaílton não joga bem 90 minutos, que Madson não joga bem pelo meio (não é armador), que Héverton é (no mínimo) bom reserva e que Fransérgio e Gabriel não podem vestir a camisa do Furacão (ao menos não em uma partida oficial). Errar faz parte, que Pezão não insista no erro.

Apesar das falhas e dos erros, por enquanto perdoáveis, Adílson apresentou um lema positivista – o positivismo é uma corrente filosófica que se iniciou no século XIX com Augusto Comte – ao Furacão, lema bastante adequado: “ordem e progresso” (sim, o mesmo lema transcrito na bandeira do Brasil). Com Adílson o CAP deve ser organizado, precisa ter ordem. Baladeiros e irresponsáveis não terão vez. E o time (quem sabe até o clube) vai, paulatinamente, progredindo. Houve uma inegável melhora do time, em termos de desempenho. Que o aprimoramento continue, sem cessar.

Adílson é um técnico de grande potencial. A meu ver, ainda não é uma realidade incontestável, mas um bom técnico promissor. Minhas críticas terão intuito construtivo. Ao que tudo indica, o caminho com o qual o Furacão se depara não é nebuloso ou traiçoeiro: a esperança renasceu.


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