sexta-feira, 25 de março de 2011

O inferno são os outros. Por Diogo Rodrigues Manassés

Jean-Paul Sartre, filósofo existencialista (famoso por recusar um Nobel da Literatura), já falecido, é mundialmente conhecido por diversas frases de importância ímpar para a filosofia, dentre elas, destaco uma em especial: “o inferno são os outros”. Para ele, portanto, todas as outras pessoas dificultam a vivência, tornam o caminho individual mais tortuoso. Ainda assim, é necessário conviver com as dificuldades que todos nos trazem, não é possível escapar.
Para Marcos Malucelli, presidente do Atlético até dezembro, o grande responsável pela atual situação (ruim) do clube é o ex-presidente Mário Celso Petraglia. A culpa do desempenho ruim do time é a torcida, que critica os jogadores incessantemente... Afinal, foi Petraglia quem optou por adotar posicionamento político contrário à CBF e à Globo; foi ele também quem contratou os jogadores atuais. A torcida? É do tipo que nunca apoia o time, vaia todos os jogadores em todos os minutos e em todas as partidas!
É muito mais fácil imputar a outra pessoa a própria culpa. É mais fácil para um aluno dizer que “o professor é ruim”, ao invés de admitir falta de esforço; é mais fácil uma pessoa culpar outra em um acidente de trânsito; é mais fácil um dirigente culpar um ex-dirigente pela atual fase. Mais correto seria admitir que a contratação de Ocimar Bolicenho foi um erro gigantesco, diante da incompetência do profissional ao exercer a tarefa a que foi incumbido. O que Malucelli devia ter feito era dizer que errou ao contar com Bolicenho em sua equipe e que errou na montagem do atual grupo – contando apenas os problemas mais gritantes do momento.
Que fique claro que não sou “partidário” de nenhum dos dirigentes. Sequer os conheço pessoalmente. Venho apenas criticar um presidente incapaz de assumir os equívocos e que prefere (sua atitude mais irritante) expor publicamente sua rusga com o ex-presidente. Alega que a política conturbada complica ainda mais a situação. Pode até ser um agravante, mas, ainda assim, que tipo de oposição é a oposição calada? Como afirmar que Petraglia era antidemocrático (no “tempo da mordaça”), na incoerência de não querer que este se manifeste? Mas é melhor atribuir a outrem todos os problemas, afinal, “o inferno são os outros”. Que Geninho não insista no mesmo pecado.

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