12 anos, um mês e 17 dias. Este foi o maior período em que o Atlético ficou sem títulos em toda a sua história. Já havíamos sofrido nove anos depois do título de 1949 e quase outros 12 após 1958. Mas em 1982 havia chegado a hora desta rotina macabra acabar.A direção trouxe vários reforços e recebeu duras críticas da imprensa por isso. Os novos contratados era chamados de mercenários. Naquele ano, desembarcaram na baixada os sensacionais Washington e Assis. Chegaram sem alarde algum. Não eram sequer titulares no Internacional, time de onde vieram como moeda de troca na negociação que levou o lateral Augusto para o Rio Grande do Sul.
Mas, apesar de todas as dúvidas, o time mostrou-se um poderoso candidato ao título desde o princípio. A nova dupla – que depois seria conhecida em todo o Brasil como casal 20 - renasceu para o futebol jogando pelo rubro-negro e fez renascer o Furacão nos campos do Paraná. Os dois fizeram uma campanha invejável e, junto com eles, todo o esquadrão que o Atlético montou. Washington foi o grande destaque e artilheiro, marcou 23 gols na temporada.
Foram 39 partidas disputadas, o Atlético ficou invicto por 26 partidas, sofreu apenas duas derrotas. Todos os adversários foram caindo, um a um, diante da incontestável superioridade rubro-negra. Mas houve um deles que não desistiu da luta enquanto o campeonato não acabou: o Colorado. O Atletico já havia vencido os dois primeiros turnos e, se vencesse o terceiro, antecipava a conquista e sagrava-se Campeão Paranaense de 82. Mas, na final do terceiro turno, o Colorado chegou com a vantagem do empate e, se ficasse com o título, obrigaria o Atlético a disputar um quadrangular final para ficar com a taça.
A partida aconteceu no Couto Pereira, na ensolarada tarde do dia 31 de outubro de 1982. Quase 40 mil torcedores no estádio, a grande maioria de rubro-negros sedentos pelo grito de É Campeão, entalado, atravessado, engasgado a tanto tempo. Começou o jogo e o nosso time foi logo pra cima. Era um time envolvente,objetivo,de toques rápidos, velocidade, elegância, dava gosto e orgulho ver aquele Atlético jogar.
Aos 13, Lino fez 1 a 0 e nos encheu da certeza de que éramos os melhores naquele ano, mas o Colorado empatou com Castor, ainda no primeiro tempo, e o frio na espinha voltou. O intervalo a espera do intervalo foi angustiante e muitos à minha volta se aquietaram, ansiosos, incomodados com o placar, mas, quando o time voltou, a esperança veio junto. Enquanto os jogadores saíam do vestiário a caminho do campo, o urro da massa rubro-negra retomou a sua força. E aquele grito retumbando em todo o estádio deixou meus cabelos eriçados e meu espírito em transe. Fazer parte daquilo tudo despertou-me a sensação de ter um poder desconhecido até então. Parecia ter a força de 10 homens, senti-me indestrutível, poderoso como nenhum outro homem jamais havia sido. Mas bastava olhar em volta para perceber que aquela emoção havia invadido a alma de todos que estavam ali. Ninguém no mundo seria capaz de nos vencer, naquela tarde nós seríamos campeões outra vez, naquele instante eu tive a certeza de que ninguém era páreo para a força do Atlético em campo e para a paixão de sua torcida na arquibancada. Um arrepio percorreu-me o corpo todo e a fúria cultivada em tantos anos de espera virou um grito ensurdecedor.
No gramado, o Furacão varreu o adversário. Washington fez 2 a 1; Nivaldo, nu cobrança de falta perfeita, fez 3 a 1; e Washington fechou a conta, aos 41, fez 4 a 1. Derrubamos o portão,Invadimos o campo, pagamos promessas, subimos nas traves, rasgamos as redes e fomos felizes como só o Atlético pode fazer.
Depois da conquista do título paranaense de 1982, o Atlético nunca mais ficou tanto tempo sem comemorar uma conquista.
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