quarta-feira, 17 de junho de 2009

Atlético - Campeão Paranaense de 1970

O Brasil conquistara as Copas do Mundo de 1958, 62 e 70; a Tv a cores havia sido inventada e já tomava conta do mundo, o homem tinha criado máquinas que iam ao espaço e já havia pisado na lua, mas 12 anos haviam se passado e o Atlético ainda não havia sido campeão outra vez.
Foram 12 anos de muita luta, mas de várias decepções. Quase chegamos em 1968, já podíamos comemorar, mas no último minuto, como um raio a fulminar nossa esperança, uma cabeçada fez em cinzas o sonho do título. Só conseguimos nos reerguer em 1970.
Neste ano, a fórmula do Campeonato Paranaense foi modificada. Dois turnos seriam disputados. Os três melhores de cada turno se classificariam para um hexagonal, de onde sairia o campeão. O Clube contou com o apoio da torcida, que ajudou a angariar dinheiro para a a formação da equipe. Aos poucos, à medida que a competição avançava, o Rubro-Negro foi ganhando a confiança de todos.
Mas o começo foi um desastre e trouxe a amarga sensação de que tudo continuaria como estava.Foram três derrotas consecutivas. Mas o quarto jogo mostrou um time diferente, um time de brios, de força. O Rubro-Negro venceu o Cianorte por 6 a 2, e mostrou que não poderia ser ignorado na luta pelo título. O resultado que trouxe tranqüilidade para a partida seguinte. Nada mais, nada menos que um Atletiba.
Neste momento, outro personagem importante entrou em cena: o presidente Rubens Passerino Moura. Contra tudo e contra todos, ele decidiu que o clássico seria na Baixada. O fator caldeirão já naquele tempo era capaz de multiplicar a força do time em campo, assustava os adversários e transformava o elenco num esquadrão quase imbativel. E veio o dia do clássico. A torcida fez sua parte. Lotamos o velho e apaixonante Estádio Joaquim Américo e apoiamos, vibramos, empurramos o time pra cima deles. O resultado não podia ser diferente, o Rubro-Negro venceu por 1 a 0 e, ali, naquela tarde, começou a arrancada rumo ao título.
No segundo turno, o Furacão passou 12 partidas invicto. Perdemos somente o último jogo para o Maringá por 3 a 1 e conquistamos o direito de disputar o título no hexagonal. Fizemos 10 partidas, vencemos seis, empatamos três e perdemos apenas uma. O título veio na última partida da fase final. Como havíamos feito 12 anos antes, na conquista de 1958, fomos a novamente Paranaguá. Desta vez, o adversário era o Seleto e precisávamos vencer para acabar com outro longo jejum, o mais longo de toda a história atleticana. Nossa equipe foi completa, inclusive com os grandes destaques da campanha: Nilson Borges, Sicupira e Djalma Santos, que lutava para campeão pela última vez na carreira.
O jogo mal começou e já havia o que comemorar. Nilson Borges, com cinco minutos de jogo fez o primeiro, aos 13, Nelsinho fez mais um. O Seleto ainda descontou, mas Liminha acertou um tirambaço depois do cruzamento de Nilson e fez 3 a 1. O placar ficou assim até os 42 do segundo tempo. Na arquibancada, já cantávamos Tá chegando a hora, quando Toninho fez mais um pra completar a festa.
A volta de Paranaguá foi inesquecível. O breu da noite de chuva na serra do mar foi rasgado por um buzinaço que começou na porta do estádio e varou a noite curitibana. A viagem foi emocionante, eufórica. Era o grito reprimido, preso na garganta por 12 anos de sofrimento, era o sangue, a paixão rubro-negra fazendo renascer a alegria de uma nação inteira. Na estrada, até onde a vista alcançava só se via a imensa procissão rubro-negra voltando pra casa. Em Curitiba, as ruas estavam tomadas desde a baixada até a Boca Maldita, desde o cruzamento da BR 116 e 277 até a Praça Santos Andrade, tudo era uma festa só. Mais uma vez, enterramos o caixâo alvi-verde, mas agora a cerimônia foi cheia de pompa e circunstância. Na hora do adeus, a torcida toda calou para ouvir o toque de silêncio entoado por um clarim que não se sabe de onde veio.
Curitiba nunca viu uma festa como aquela.

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