Aqui na terra tão jogando futebol. Por Bruno Milano

Estão mesmo, meu caro Chico? Na Baixada do Água Verde, há alguns anos o esporte bretão cantado em verso e prosa em "Meu Caro Amigo", de Chico, têm sido substituído por "muito samba muito choro e rock 'n roll".

É triste, mas confesso que, quando solteiro, via alguns de nossos mais notáveis boleiros tendo melhores atuações na Wood's do que na pequena área. Não frequento mais aquela (boa) casa sertaneja, mas a coisa não deve ter mudado muito de figura. Quem sabe, a diversão tenha mudado de endereço. Mas a festança certamente continua igual, paga com o suor dos nossos 50 reais mensais.

Nossa Arena, de dez anos recém completos, enfrenta fase amarga de ausência de vitórias, atuações pífias e chocolates para times medianos, como o próprio Coritiba. A ideologia petraglista de que "jamais seríamos humilhados novamente em nossa casa, jamais envergonharemos esta torcida"; passa longe do CT do Caju. Vemos gente a envergar nosso querido manto com desleixo, desdém. Perder ou empatar não faz mais tanta diferença. Aqueles que, para nós, se traduziam em Guerreiros, hoje fazem corpo mole e quase pedem pra deixar a nossa casa, cuspindo em nossa cara, sócios pagadores, sem cerimônia. (Isso é pra ti, Rafael Moura.)

Somos surrupiados no apito sem disfarce, nossos jogos vão até os 49 minutos do segundo tempo e está tudo bem. Chia-se um pouquinho, mas o aborrecimento vai ao lixo junto com a edição da Gazeta Esportiva, na próxima segunda feira.

Nosso ciclo de grandes goleiros se encerrou. Ricardo Pinto, Flávio, Diego; foram substituídos por Vinícius e Galatto. Esforçados, indentificados com a massa rubro negra, mas inseguros. Não confiamos mais neles. E aí, meu caro e paciente leitor, é como marido traído: para recuperar a confiança na mulher amada, leva tempo, se é que se consegue. Se confiança é o tema do dia, também não confio em nossa zaga. Antônio Carlos há muito não brilha e deve passar a braçadeira de capitão para alguém que sacuda o time. Rhodolfo, antes tido como um dos melhores zagueiros do Brasil, um selecionável, tem sido pífio. Para ser justo, em algumas vezes, razoável. Mas poxa, não pode ser assim no meu Atlético.

Paulo Baier deve ter esta função (de capitão). Ainda que sem condições ideais de jogo e mal aguentando um tempo inteiro na peleja, seu futebol é infinitamente superior a 50% do elenco. Foi a grande aposta do ano e deve render.

Marcinho, cuja dívida com as arquibancadas estava perto do impagável, salvou-se da rifa com o gol de bola parada mais bonito do Atlético neste ano. Mas ainda deve.

Valência e Márcio Azevedo são os destaques do grupo. Mas não salvarão a lavoura.

Também não aprovo a gestão do Presidente Malucelli. Salvo a evolução patrimonial, que nos brinda com a tão sonhada reta inferior da Brasílio Itiberê, tudo está muito igual. Ou, talvez, de igual para pior. O que mais me irrita são declarações desconexas, principalmente quando se fala de dinheiro. E a passividade extrema, a falsa sensação de que está tudo bem sempre, quando estamos com a corda no pescoço.

Estou triste com nosso Atlético. Apesar de ver alguma perspectiva em lampejos de excelente futebol jogado com o Palmeiras, me preocupo muito com a nossa situação e ainda acho que o "pacote de mudanças" deve avançar, se não quisermos repetir tristes experiências de agremiações curitibanas na Série B do futebol Brasileiro. Está chato ser colunista esse ano. Aqui, no Espaço Atlético, em todo canto, se vê dois tipos de opnião: saudosismo e desencanto.

Não deixem morrer o meu Atlético!

Bom final de semana, gente atleticana!