quinta-feira, 28 de novembro de 2013

DA LAMA AO LUXO. POR CAMILA LOPES F. PROVENZANO

Me lembro bem que ano passado nessa mesma época já respirávamos aliviados porque a vaga na série A estava garantida. Vaga, que escapou de nossas mãos em dois jogos... lembro do meu desabafo quando voltamos de São Caetano e eu tive a plena certeza que subiríamos, porque vi nos olhos do Petraglia a sede de se fazer justiça porque ali não era nosso lugar.
Começo essa coluna no apito final na Arena Grêmio: um 0X0 pra lá de inflamado.
Desliguei a tv, meu peito doía, minha respiração era curta, simplesmente me sentei e gritei:     “ Enfim a final”
Pra quem me conhece sabe que sou casada com um coxa doente(sic) e a negociação para eu ir pra final fosse onde fosse não seria nada fácil. Mas acho que São Nowak e meu avô lá de cima, deram uma forcinha...
Aquela semana foi total automático, até que desliguei o piloto quando me dei conta que a finalíssima seria dia 27 de novembro, no Maracanã. Oi? 27 de novembro... Porra, é dia do meu aniversário!!!!!!!
O destino não poderia ter me surpreendido melhor.
Mas calma, temos o primeiro jogo em casa, dia 20. Todos unidos na força Atleticana, eu, Ana Flávia, João Gabriel, Daniel, Dudu, Marlyse, Neto, Belisa, Diego. Até a Michele, grávida de 8 meses, foi... Atlético faz um gol! E como ser rubro negro é vigor sem jaça, um pedido de desculpas, somado a um abraço sincero, tive de novo Monique por perto. Lágrimas à parte, meu Furacão não foi nem de perto o que havia sido em jogos anteriores. Milhões de perguntas ficaram jogadas no ar: falta de vontade? Pesou a camisa? Nervoso?
Ah deixa pra lá, em uma semana a gente reverte, está 1 X 1. É fácil. 50 a 50 %.
E chega o grande dia! Acordo as 4:30, depois de pouco dormir. Levo na mochila os gritos e incentivos dos amigos que não poderiam estar lá: o halls da Michele, o anel da Ana Flávia, as piadas do João, os comentários pérolas do Daniel, os gritos da Monique. Mala pronta, marido chega com meu presente de aniversário- camisa nova do CAP numero 77 -ano que nasci...
Opa, uma aguinha benta pra desencargo né...(rs)
Fecho a mala e levo, dentro de mim a esperança de voltar com a taça.
Desembarco em SP, Flamenguistas “avoavam” aquele aeroporto. Bisbilhotei conversas onde pude... Eles já tinham a vitória como certa. Aí pensei: Como disse Carlos Vicente, é só o Atlético abrir o placar!
Quando desembarquei no Rio, olhei a paisagem lá fora do  Santos Dumont  um brilho todo especial encheu meu coração de alegria. Não só porque amo o Rio, mas porque uma tranquilidade e uma certeza se instalaram em mim. Seríamos campeões.
O passar das horas de ontem foi regado a muita risada, algumas cervejas, encontros com outros Atleticanos. E num quiosque de Copacabana, em frente ao hotel mais famoso da cidade, fez-se o ponto de encontro dessa torcida apaixonada. Rolou até um parabéns pra mim, cantado naquele estilo que só Atleticano sabe(hahaha)
A hora de ir para o jogo se aproximava, tentei ao máximo, não me apegar a nenhum tipo de superstição, tentei apenas viver o momento, E QUE MOMENTO!
E no metrô, um senhorzinho de 70 anos, estudando um dicionário português-inglês me conta que tem 70 anos e terminou o primeiro grau agora, e que aquele dicionário ele comprara num sebo em Copacabana e que estava tentando aprender alguma coisa da língua.( Tá, isso não tem haver com Atlético, mas é que achei aquele momento auspicioso)
Chegamos ao Maracanã... Sensação indescritível, inenarrável. Subi aquela rampa com o coração na garganta e as lágrimas desabando pelo meu rosto sem que eu pudesse controlar.
Quando enfim me recompus olhei ao longe e vi meu tio Fernando e meus primos Gustavo e Mateus. Era impossível chegar até eles. Vi meu ex professor Sergio Surugi, puxando o grito: A- Tlé-Ticooooooo!!! E a certeza ia me acalmando. No aquecimento dos goleiros, enquanto a nossa torcida emanava seus gritos de incentivo, Wéverton fez uma espécie de alongamento-saudação. Pensei:” esse cara é iluminado, o gol vai estar blindado. É só garantir o primeiro gol.”
Apita o início: Leandro Pedro Vuaden (tremei Atleticanos)...
A torcida dá um show. No gogó, com a bateria miudinha perto dos alto falantes do Maracanã, a torcida mostrou a que veio. Pena que só a torcida... Não consegui saber ainda as respostas pras perguntas que me fiz depois do primeiro jogo. Ou se o time não desembarcou no Galeão ou se andaram se perdendo em algum boteco da Lapa.
Irreconhecível. O time, o técnico. Mancini sempre foi coerente, não entendi patavina das mudanças feitas. Me deu vontade de fazer meia volta e ir embora. Vou pro boteco que eu ganho mais. ESPERA CAMILA, quantas pessoas você está representando mesmo?
Nos legou o sangue forte, rubro negro é quem tem raça e não teme a própria morte.
Gol da urubuzada.
Vamos Atlético, façam seu gol e vamos pras penalidades. A essa altura se não morri de infarto, nos pênaltis é que não seria mesmo.
Gol de novo.
Morri.
Morri por dentro, uma sensação de impotência. Porra, mas eu fiz tudo o que eu podia. Não deixei nada! Cantei, gritei, berrei, xinguei, joguei junto.( um torcedor ao meu lado vira e diz: quem dera tivéssemos 7 mil iguais a você)
Ali acabava o sonho de levantar a Taça, garantir a Libertadores e tirar férias antecipadas.
E quem disse que pra Atleticano tudo é fácil? Vamos para a última rodada...
Da lama da série B para o luxo da série A e Campeonatos adjacentes. Um time desacreditado, que fazia contas de quantos pontos eram necessários para não cair, quem trouxe um técnico que foi um susto, que fez uma pré temporada fora e que parecia andar a passos de lesma.
Hoje, é o segundo dos vinte do Brasileirão. Vice( sim vice coxarada caso tenha algum lendo)da Copa do Brasil. Se jogasse o que sabe não o seria, seria O campeão. Mas como se não ganha jogo...
Eu acreditei, sempre falei do longo campeonato brasileiro, de campeonatos paralelos, do grande esforço que era, muito antes de Bom Senso Futebol Clube existir eu já falava o que eles pedem.( perguntem pro meu marido, e pras minhas amigas citadas que até diziam que eu era puxa saco do Petraglia, hahaha)
Enfim, já que o caneco não veio no meu aniversário, só tenho UM pedido a fazer: QUERO QUE MEU TIME SE COMPORTE COMO GRANDE, QUE SEJA RESPEITADO COMO TAL, QUE A GENTE POSSA DEVOLVER O ARGUMENTO NA LATA DE QUEM NOS DESAFIAR.
 Porque o motivo pelo qual eu estou mais “puta” não foi ter perdido, mas foi ter se entregado. Exército bom não se entrega, luta, dá o sangue, pode até morrer, mas morre lutando!
Quantos às provocações? Pfff não ligo... elas fazem parte. Um não vive sem o outro.
Agora é tocar a bola e fazer desse luxo nossa morada!
Saudações Atleticanas !!!

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