Ao Tio João, com carinho. Por Bruno Milano

O Espaço Atletico, publica excepcionalmente nesta quinta-feira

a coluna do colunista Bruno Milano.
Estamos todos de luto, pela perda de uma pessoa querida.

Lágrimas nos olhos. Ontem, 16 de setembro, enterramos o meu Tio João.

João Luiz Schruber Milano, lenda das ruelas do Bom Retiro, bairro curitibano onde nasceu, cresceu e viveu a maior parte da vida. Hoje pude perceber, no rosto de pessoas que eu sequer conhecia, tamanha era a gratidão e o carinho dispensado àquele homem que queria ajudar todos, de qualquer forma. Possuía uma vontade exacerbada de trazer solução à maioria dos pecados do mundo. Tamanha vontade, que esquecia até mesmo dos seus.

Aos 46 anos, dono de um estilo de vida heterodoxo, João Milano foi traído pelo coração, que deixou de funcionar subitamente na tarde de ontem. Talvez o coração tenha cansado de trabalhar: não tinha folga um segundo sequer, pois Milano amava, sofria, vivia os altos e baixos de grandes emoções com uma intensidade única.

O que traz esta vontade em dividir estas lágrimas com o querido leitor, na verdade, tem motivação em duas boas razões.

A primeira, e a mais óbvia: homem perspicaz, de inteligência aguçadíssima, João Luiz Milano era naturalmente atleticano. O Atlético era sua grande paixão.

E se hoje tenho a honra de escrever estas palavras, dirigidas à milhares de apaixonados, o Tio tem sua parcela de "culpa"; foi João um dos grandes homens responsáveis por apurar a paixão rubro negra deste colunista.

Com ele passei boas tardes de domingo ao som da voz de Carneiro Neto; aprendi que a bola "tocada" ao rádio tem uma emoção especial. Ao som dos jogos, o Tio buscava transmitir seus "ensinamentos" em relação à vida, o trato com as mulheres, a forma de se comportar como homem. Mesmo sem utilizar boa parte da "doutrina", aquelas tardes eram divertidíssimas e deixarão muita saudade.

Às segundas feiras, quando por acaso atendia o telefone na casa de minha avó, João fazia questão de falar do "nosso Atlético".

Esta convivência gostosa foi se perdendo ao correr de problemas, incompatibilidades e atribulações da vida. Hoje também pude (re)aprender: como a gente perde tempo nesta vida, e como esta perda dói! Mais duro ainda é perceber o tamanho desta perda de tempo com uma perda maior: a da vida de um grande homem, no explendor de sua idade.

Dia triste!

O segundo motivo: tenho de agradecer à você Cadu, pelas palavras de conforto na madrugada de ontem; e ao teu pai pelo apoio à nossa família hoje, no Parque Iguaçu.

São pessoas como você, e tua família incrível, que nos fazem sentir amados e seguros neste momento de dor.

Perdi um grande parceiro, e o Atlético Paranaense, um de seus maiores apaixonados.

Saudações rubro negras, paz de Deus e bom final de semana!