Este Colunista é advogado, e tem por dever de ofício conduzir negociações sindicais. Ou seja, debatemos salários, decidimos destinos de vidas e de organizações empresariais.
Por esta atividade, tenho contato com as mais diversas realidades, em todos os cantos do Paraná. Vejo empresas - neste Estado supostamente rico - em extrema dificuldade, assim como trabalhadores submetidos à baixissimas remunerações. E assim segue a vida. E vem a pergunta? Como o mercado se mantém desta forma? Como pessoas se submetem à trabalhos complexos e de grande responsabilidade por menos de quinhentos reais? Como deixam o conforto do lar para dedicar-se aos outros por um valor tido como "pequeno" por nossa sociedade? A resposta é menos complexa que todo o "jogo" das relações de trabalho. Tudo se explica pelo binômio amor-necessidade.
Amor à labuta, à função, ao próximo. A grande maioria dos brasileiros sai de casa em prol deste sentimento, já que a renda média em nosso país é muito inferior aos patamares dos países desenvolvidos.
Porque estamos diante da necessidade de contratações. Necessidade esta percebida tardiamente pela Diretoria, quando já iniciado o Campeonato Brasileiro, e quando a grande maioria dos talentos já está com seus contratos assegurados. Bons jogadores disponíveis são raridade, e possivelmente teremos que nos contentar com algum refugo do eixo, ou em apostas em "craques" desconhecidos. Pode dar certo. Ou não.
Mas quero realmente chegar no ponto principal desta questão de contratações. O dinheiro. Pode um jogador mediano como Josiel, que despontou no nosso falido Paranazinho, ter um salário de 160 mil reais? É plausível um boleiro, muitas vezes semi analfabeto (testemunho deste escriba, que viu um ex-"ídolo" cercado de mais de 20 seguranças, horas antes da Audiência designada em ação movida pelo Atlético, "lendo" o jornal do dia de cabeça para baixo) ganhe salários tão relevantes, de 6, 7 dígitos, para jogar bola? Como pode um clube com 23 mil sócios pagantes ter tanta dificuldade para contratar fulanos do nível de Roni? O Atlético tenta andar na contra mão de clubes que se endividaram sem limites para se manter sob os holofotes, e paga o preço por isso, encontrando obstáculos quase intransponíveis para montar um plantel condizente com sua tradição e grandeza.
É justa esta valorização extrema dos profissionais da bola?
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